sábado, 12 de julho de 2008

Manga válida (12/07/08) - último dia

Acabou mais um Campeonato Europeu de Parapente. Com a equipa portuguesa a aumentar o rendimento de dia para dia, o resultado final (o 6º lugar que está no site oficial pode não estar correcto) acabou por ser demonstrativo do excelente desempenho dos pilotos nacionais.

A última manga, de cerca de 50 quilómetros num percurso sempre na área de Niska Banja, com a meta nessa localidade voltou a correr bastante bem a Portugal. Todos os elementos chegaram à meta numa verdadeira prova de velocidade em que cruzaram a linha de tempo mais de 120 pilotos. Os três que pontuavam para a EP conseguiram classificar-se nos vinte primeiros, sendo que o Américo Sousa fez o 6º tempo, não conseguindo no entanto validar esse mesmo tempo por poucos metros, passando assim para a 19ª posição.

A França foi a grande vencedora deste europeu. Com o ouro na categoria individual (Greg Blondeu) e por equipas conseguiu superar a Suíça, grande candidata ao título. A Itália alcançou o terceiro lugar.

Portugal conseguiu assim a melhor classificação numa prova de categoria FAI I de sempre, um 7º ou 6º lugar (a posição final da Rep. Checa é ainda uma incógnita), ficando à frente de equipas como Áustria, Grã-Bretanha e, no caso de se confirmar o 6º lugar, da República Checa. Depois deste excelente resultado, os pilotos vão continuar a trabalhar para representar Portugal no estrangeiro. O Campeonato do Mundo, no México, está cada vez mais próximo e a motivação da EP é cada vez maior.

A Equipa de Portugal queria ainda agradecer a todos os que enviaram comentários de apoio, comentários esses que eram lidos todos os dias com grande prazer. Fizeram com que os pilotos se sentissem em casa, o que aumentou muito a sua confiança. A continuar assim, um dos lugares do pódio vai ser nosso no México.



sexta-feira, 11 de julho de 2008

Manga válida (11/07/08)

Hoje correu bem. Hoje correu muito bem. Mas, por momentos, pensámos que se ia passar a mesma coisa que se passou nos últimos dias. Subimos à mesma hora para a descolagem. As previsões indicavam vento fraco de Norte, mas havia uma possibilidade de os ciclos térmicos se sobreporem ao vento meteorológico. Então, como a descolagem virada a Sul é mais espaçosa, a organização decidiu levar para lá os pilotos. Mas a decisão não foi a mais acertada. O vento realmente entrava algumas vezes de frente. Mas também entrava de costas; às vezes, nas duas direcções ao mesmo tempo, e o resultado eram dust devils. Mudámos então para a “Fakir”. Os pilotos começaram logo a pensar que o mesmo que se tinha passado nos outros dias se ia passar hoje: andamos de uma descolagem para a outra e acaba por não se voar.

Mas desta vez não foi assim. Ao chegar à “Fakir”, a manga definida no briefing realizado ainda na descolagem Sul manteve-se. O percurso seria de 64 quilómetros, duas balizas e teria a meta perto de Vlasotince, a Sul de Nis. O sistema de múltiplos starts seria usado novamente, com intervalos de 15 minutos entre cada. Apesar da fraca intensidade, o vento entrava de frente já há alguns minutos. O céu, com bastantes cumulus na zona da descolagem, deixava os pilotos com a esperança de um bom dia de voo. Saíram os wind dummies, a térmica já existia, abriu-se a janela. Os primeiros pilotos a descolarem, onde se encontravam o Américo Sousa e o Cláudio Virgílio, conseguiram sair num ciclo bom e subiram logo até à base da nuvem. Depois houve uma altura mais “morta”, que foi quando saíram o Cristiano Pereira e Paulo Nunes; demoraram bastante mais tempo que os restantes pilotos, mas eventualmente conseguiram subir. O Nuno Virgílio, que descolou um pouco depois, conseguiu, juntamente com mais quatro pilotos, ir logo para o tecto.

Pouco antes da 2ª baliza, o Nuno já tinha alcançado o grupo da frente, recuperando assim 15 minutos, tendo em conta que tinha saído um start depois desse grupo. Conseguiu ultrapassar muitos pilotos, que aí se encontravam, na transição final e ficou em 3º lugar na manga, subindo assim cerca de vinte lugares na classificação geral. O Cláudio e o Américo chegaram logo a seguir, conseguindo assim fazer uma excelente pontuação para a equipa. O Cristiano e o Paulo, que tiveram bastante azar no ciclo em que descolaram, fizeram grande parte do voo sozinhos, num dia bastante complicado, tendo em conta que a zona da descolagem era a única que tinha nuvens, térmica era lá mais forte e o tecto mais alto. Ainda assim, conseguiram ficar a apenas três quilómetros do golo, um grande resultado naquelas condições.

Em relação aos resultados finais, Portugal conseguiu o primeiro lugar nesta manga, com 2427 pontos, passando assim para o 7º lugar da geral, seguido da França (2408 pontos), que conseguiu superar a Suíça e alcançar assim o primeiro lugar na classificação geral. Neste momento, e com uma manga possível pela frente, estamos a cerca de 200 pontos da República Checa e a cerca de 500 da Eslovénia. As previsões são bastante boas e os pilotos estão mais motivados que nunca. Continuar a voar assim é suficiente para que mais algumas equipas fiquem para trás. Amanhã é o último dia de prova e vamos de certeza acabar o europeu em grande. Hoje foi um dia bom. Amanhã vai ser excelente.


Resultados geral

Américo Sousa – 23º

Cláudio Virgílio – 25º

Nuno Virgílio – 73º

Paulo Nunes – 90º

Cristiano Pereira – 92º

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Portugal – 7º

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Manga cancelada (10/07/08)



Hoje parecia que ia ser diferente. As previsões eram boas: tecto aos 2600 metros, com alguns cúmulus, o vento era fraco de manhã e aumentava durante a tarde, mas sem ficar muito forte. A vontade de voar, depois dos últimos dias, era muita. Subimos para a descolagem um pouco mais tarde, visto que o dia se iria atrasar um pouco devido à fraca intensidade do vento.

Quando chegámos à “Fakir”, as coisas pareciam mesmo encaminhadas. Todos os pilotos já lá estavam, o director de prova reuniu-se com o comité de pilotos pouco depois para definir a manga e por volta das 11 da manhã tinha lugar o primeiro briefing. A manga seria composta por quatro balizas, com algumas pernas com vento de lado, e as restantes com vento de costas. Como as condições eram boas, a organização preparou um percurso mais complexo, sem, no entanto, usar transições contra-vento. Seria usado um sistema de múltiplos starts, processo já habitual naquela descolagem devido ao pouco espaço que tem.

Depois de os wind dummies terem começado a subir, definiu-se a abertura da janela para as 13:30. O primeiro start seria às 14 horas e a partir daí, durante três horas, haveria starts de 20 em 20 minutos. Os pilotos foram descolando por ordem da classificação geral neste campeonato. As primeiras térmicas estavam bastante desorganizadas e com alguma deriva, mas quando se conseguia subir mais um pouco, já não era tão complicado. O Américo Sousa e o Cláudio Virgílio saíram com o grupo da frente e os restantes elementos esperaram um pouco mais para conseguirem estar bem posicionados quando começassem a corrida.

Estava tudo a correr bem até aqui. De repente, ouve-se no rádio: “The task is cancelled due to strong wind in turnpoint two”. A informação dada pelo Xavier Murillo foi retransmitida aos pilotos, que aterraram imediatamente. Por esta altura, o Américo e o Cláudio estavam a cerca de três quilómetros da segunda baliza, muito bem posicionados no grupo da frente. Os restantes pilotos, tendo começado a prova mais tarde, estavam também bem posicionados.

Na opinião do Américo e do Cláudio, a manga não devia ter sido cancelada. Mais ainda, ninguém estava à espera de tal decisão: “Há aquelas mangas que são duvidosas, em que uma pessoa voa sempre à espera que seja cancelada, e adequa a estratégia a tal decisão. Mas hoje não, hoje estava tudo a correr muito bem e as condições não justificavam o cancelamento”. O vento estava de acordo com as previsões, não mais forte que nos dias em que se realizaram mangas válidas.

Da equipa portuguesa e da alemã, ninguém percebe o porquê do cancelamento da manga. As previsões para amanhã parecem bastante boas. Ainda há duas mangas possíveis e possibilidade de subir alguns lugares na classificação.Se a meteorologia deixar, a vontade de voar não falta.


quarta-feira, 9 de julho de 2008

Dia cancelado (09/07/08)

Dia de voo cancelado devido ao vento forte. Ainda se subiu para a descolagem, mas as previsões não falharam.

terça-feira, 8 de julho de 2008

3ª manga válida (08/07/08)



Mais uma vez, fomos cedo para a descolagem Sul. O dia parecia bastante bom e, à medida que íamos subindo, as esperanças de se fazer uma boa manga iam aumentando. Quando chegámos, o número de pilotos que lá estavam era ainda bastante baixo e as respectivas asas estavam praticamente todas no saco. Com a experiência dos últimos dias, ninguém se queria precipitar.

E ainda bem que assim o fizeram. Depois de um primeiro briefing nessa descolagem, o director de prova decidiu que, com a direcção de vento que havia naquele momento, a descolagem “Fakir” (N/NW) seria a mais indicada. Os pilotos pegaram então no seu equipamento e deslocaram-se para a outra descolagem. O tempo passava e alguns pilotos começavam a comparar aquela situação com outras semelhantes que se tinham passado nos últimos dias de voo e em que o resultado final tinha sido não voar.

Mais um briefing e outra decisão que deixou alguns pilotos mais impacientes: iríamos novamente para a descolagem Sul. Segundo Xavier Murillo, membros da organização tinham estado a analisar as condições nessa descolagem e seria mesmo a melhor opção. A partir daí, tudo se passou com grande dinamismo. O briefing final, onde se definiram horários, não demorou muito a acontecer (era 12:45); foi ainda anunciado que a abertura da janela seria às 13 horas. Ninguém perdeu tempo.

Quando se começou a descolar, o tecto estava bastante baixo e a térmica era muito fraca. Os quase 150 pilotos juntaram-se todos num espaço bastante limitado. No entanto, tanto pilotos, como “espectadores”, ficaram deslumbrados com a imagem de mais de cem a asas a subir na mesma térmica.

A frente prevista para o meio da tarde começava a ver-se ao longe. As nuvens altas começam a tapar o céu e o dia ia “morrendo” aos poucos. Alguns pilotos foram ainda apanhados nessa sombra; para além disso, por questões de segurança, o director de prova decidiu terminar a manga antes da dead line. Com esta decisão, vários pilotos que chegaram à meta não pontuaram como tal. Dos portugueses, chegou o Cristiano, o Cláudio e o Américo que ficaram a meio da tabela, conseguindo ainda assim manter o 10º lugar na classificação geral por equipas e reduzir a diferença de pontos para as equipas que se encontram até ao 5º lugar.

Com as previsões para amanhã, pensamos que não será um dia voável. No entanto, os dias seguintes parecem bastante promissores, havendo ainda possibilidades para três mangas válidas até ao fim da prova. Se assim for, a hipótese de a Equipa de Portugal conseguir um bom lugar neste campeonato é bastante grande.

Resultados Geral (depois da 3ª manga válida):

Américo Sousa – 32º

Cláudio Virgílio – 38º

Paulo Nunes – 81º

Cristiano Pereira – 82º

Nuno Virgílio – 97º

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Portugal – 10º



segunda-feira, 7 de julho de 2008

Mais outro dia no chão (07/07/08)

Começa a tornar-se num hábito. A subida para a descolagem, a espera pelos variados briefings, as condições meteorológicas a não deixarem alternativas à organização e, por fim, o cancelamento do dia de voo ou da manga. Hoje não foi diferente.

Dos vários wind dummies que descolaram, uns com mais facilidade, outros nem tanto, devido ao vento forte que se fazia sentir, nenhum conseguiu ganhar altitude suficiente em relação à descolagem para que a organização considerasse seguro abrir a janela. No entanto, isso não impediu muitos dos pilotos que lá estavam de fazer o chamado “voo higiénico”.

Todos os que se empenharam para que este campeonato fosse possível parecem estar a perder algum ânimo. Numa semana validaram-se duas mangas; no entanto, só num dos dias não se subiu para a descolagem de manhã cedo. Todo este ambiente sem o factor voo cansa muito os pilotos que, apesar de tudo, têm conseguido manter-se concentrados e conscientes de que a qualquer momento terão que se empenhar ao máximo.

O dia de amanhã parece, segundo as previsões, bastante melhor. Com a evolução que conseguimos de uma manga para a outra (14º para 10º) e com a diferença de pontos que existe entre o 10º e o 4º lugar na classificação por equipas (menos de 500 pontos), tudo é possível. Neste momento, só queremos bons dias para voar.

domingo, 6 de julho de 2008

2ª manga válida (06/07/08)


A previsão de vento forte para hoje criava alguma desconfiança nos pilotos. Ao chegar à descolagem, pouco antes das 11 da manhã, as mangas de vento confirmavam essa desconfiança. Praticamente ninguém abriu os sacos. O primeiro briefing, que teve lugar às 11:30, não deu certezas nenhumas. A manga definida tinha 57 quilómetros e era uma corrida directa da descolagem para a meta, que se ficava poucos quilómetros depois da cidade de Pirot. A hora de abertura da janela e do start estava dependente da evolução das condições meteorológicas, principalmente no que dizia respeito à intensidade do vento.

Depois disto só nos restava esperar. Por esta altura, todos os argumentos eram bons para descontrair. A equipa francesa tinha comprado bisnagas no dia anterior. O resultado foi uma descolagem completamente em “guerra”, mas muito animada. O stress pré-descolagem foi esquecido por momentos. Por volta do meio-dia e meia, sai o único wind dummie do dia. Não era, no entanto, um qualquer. O Jean Marc Caron descolou para testar as condições de voo. Apesar de parecer, pelo seu voo, que o vento estava ainda bastante forte, foi o suficiente para que a janela fosse aberta. Eram 14:30 quando isso aconteceu.

O sistema de múltiplos starts permitiu aos pilotos descolarem com mais tranquilidade. Apesar disso, foram muito poucos os que saíram primeiro num grupo mais isolado. A maioria preferiu esperar pelos restantes pilotos para que saíssem todos juntos e, deste modo, garantissem com mais certezas a chegada à meta. O único piloto português que não chegou à meta partiu na frente do grupo. No entanto, como esta não era muito consistente e andava sistematicamente mais baixo, acabou por pagar mais caro.

Segundo resultados ainda provisórios e contas feitas por nós (a organização ainda não lançou os resultados por equipas), Portugal conseguiu o 3º lugar nesta manga, logo atrás da Eslovénia e da Suíça. A manga foi ganha pelo dinamarquês Mads Syndergard que, no entanto, foi mais lento que dois dos pilotos a pontuar para a equipa portuguesa. Aqui, o facto de ter saído um start à frente da maioria dos pilotos beneficiou-o devido aos pontos de liderança. Deste modo, e só a título de exemplo, o 3º classificado, o suíço Stephan Morghentaler fez um tempo quase cinco minutos inferior a Syndergard.

Américo Sousa – 12º (788)

Cláudio Virgílio – 18º (769)

Nuno Virgílio – 26º (754)

Paulo Nunes – 74º (602)

Cristiano Pereira – 105º (267)